quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Entrevista da JAME ao Sugizo!


Desculpem a demora na tradução desta entrevista mas com os trabalhos da Faculdade não deu mesmo tempo para traduzir fosse o que fosse :( No entanto, finalmente a consegui traduzir com uma ajuda do Lemon xD

Esta entrevista foi feita pela JAME ao Sugizo depois do concerto de caridade dos Luna Sea. Aqui ele fala sobre o seu trabalho como voluntário depois do terramoto no Japão e ainda nos fala sobre as suas actividades musicais incluindo os seus dois próximos álbuns :) O original está em inglês aqui e segue em baixo em Português.


Antes de tudo, como correu o concerto de caridade dos Luna Sea? O que achou do concerto?

O concerto foi muito importante para mim como é óbvio e foi um concerto diferente. Aquela noite foi tão maravilhosa. Quase todos os fãs pensavam da mesma maneira e tinham o mesmo propósito, e por isso, acho que foi um concerto muito especial. Foi uma noite muito maravilhosa. O concerto foi para caridade, por isso, foi muito diferente do habitual. Tinha uma setlist, atitude e sistema de luzes diferente. Claro que devemos poupar electricidade por isso não usámos muito pirotecnia em palco, nem efeitos magníficos. O mais importante era o nosso amor para com eles e para com a música. A nossa atitude foi o mais importante, mais importante que a pirotecnia e o sistema de luzes magnífico. Mas acho que correu bem.

Ajudou a limpar a zona afectada pelo terramoto e tsunami. Como foi essa experiência?

Obviamente foi muito triste mas eu queria realmente fazer alguma coisa depois do terramoto, acho que o poder mais importante é o poder Humano. Não é a música, não é o entretenimento, não é o dinheiro, apenas o nosso poder Humano, e achei que isso seria bastante necessário. Senti que tinha de ir. Foi um sentimento muito curioso o de estar ali, mas foi muito bonito. Vieram tantos voluntários, vindos de cada região japonesa e de outros países. E claro, o seu objectivo não era o dinheiro, não era o negócio, apenas queriam ajudar. Assim como eu, claro. O cenário espiritual era muito bonito. Pensei "agora o Mundo é um só". Claro que também foi muito triste e existiam vários problemas enormes, mas as relações Humanas eram muito fortes. Foi uma experiência muito importante.

Não estava preocupado com a sua própria saúde?

Sim, muito. Penso que naquela área, durante aquele período, não havia muitos problemas com a radioactividade. Contudo, o ar estava muito sujo, e havia muito lixo e lodo. Estava demasiado sujo e tínhamos de nos preocupar em relação ao ar, e à água potável, entre outras coisas. Não podíamos tomar banho durante uma semana, não havia água, nem electricidade e a higiene era muito pobre, e por isso, existiam várias bactérias e vírus.

E a radiação, estava preocupado com isso?

Tínhamos de usar máscaras mas acho que não havia tanto na área de Tohoku do que aqui. Por enquanto, só não deves beber água da torneira, penso que é perigoso. Normalmente preocupo-me imenso com estas coisas, mas quando estou num restaurante não me consigo proteger. Então é muito complicado, mas acho que nos devemos preocupar com isto. Também se tem de ter cuidado com a chuva, é muito perigosa. Temos de nos proteger e o uso do chapéu-de-chuva é muito importante.

O que pensa à cerca do papel do Governo Japonês depois do desastre?

Penso que o Governo Japonês foi muito estúpido neste caso. Não se conseguiam mexer, não conseguiam fazer nada. Foi muito triste, muito decepcionante. Não sabiam o que fazer. Fiquei muito decepcionado com o nosso líder. Pensei que tínhamos de fazer alguma coisa, qualquer coisa por mais pequena que fosse era importante. Ajuda, Poder, Dinheiro, Amor, tudo era necessário mas o Governo Japonês não conseguiu fazer nada. Havia tantas pessoas do Japão e tantas pessoas de outros países, fizemos o nosso melhor. E mesmo agora, devemos fazer o nosso melhor.

Mudando o tópico para a Música: você irá lançar dois novos álbuns em Dezembro. Flower of Life e Tree of Life. Porque decidiu lançar dois em vez de um?

Apenas porque tinha demasiadas músicas. Durante estes dois anos eu lancei vários singles digitais. Primeiro pensei que teria de escolher algumas músicas para colocar num álbum. No entanto, muitas pessoas, muitos fãs queriam todas as músicas que eu lancei num CD. Ou seja, seriam demasiadas músicas. Foi por isso que decidi lançar dois álbuns, não um CD duplo mas dois álbuns. Um álbum é mais puro, música original, o outro inclui remixes e colaborações.

Quantas novas músicas estão nos álbuns?

Quarenta por cento são novas músicas, mas todas elas foram mixadas novamente e todas as músicas foram re-arranjadas. Algumas músicas foram re-gravadas.

Já terminou as gravações?

Só preciso de as trabalhar. Tenho praticamente 95 por cento acabado. Espero acabar amanhã. Mas amanhã também preciso de ir a Seoul para um concerto dos X Japan. Ando muito ocupado.

Pode falar-nos mais à cerca do conceito de cada um dos álbuns?

Flower of Live é o meu quarto álbum original. No princípio a imagem é muito psicadélica, espiritual, cósmica e electrónica. O som da minha guitarra também é muito importante. Não acontece com todas, mas algumas músicas têm mensagens muito importantes.Este álbum é totalmente instrumental, não há letra, mas têm mensagens e significados muito importantes.

Mas se quer incluir uma mensagem numa música, não acha que seria mais fácil com letras?

Acho que sim, mas geralmente eu escrevo as minhas mensagens. Apenas queria espaço livre para a música. Por isso, se os ouvintes se deixarem tocar pela música, espero que consigam imaginar uma visão. Quero que sintam uma imagem forte. Qualquer inspiração livre vinda da música tem um significado muito importante para mim. Por favor, ouçam-na. Eu queria escrever um álbum instrumental, mas para os vocais, talvez precisa-se de um bom vocalista masculino, não eu.

Não gosta de cantar?

Às vezes gosto. Do ponto de vista do Produtor Sugizo, se ele quiser a voz do Sugizo, ok. Consigo fazê-lo. Mas geralmente, o Produtor Sugizo pensa que ele não é um vocalista muito bom. Mas se eu quiser um bom vocalista, encontrarei um bom que o Produtor Sugizo queira usar. Ando demasiado ocupado para ter tempo de me treinar para ser vocalista. Acho que o meu trabalho de guitarra e violino é muito importante e penso que deveria treinar mais com eles. Normalmente, para os membros do meu clube de fãs eu posso cantar, com a minha guitarra acústica. É muito confortável para mim, de uma forma muito privada, mas não pode ser em grande. Tem de ser compacto e privado, mas também um concerto muito profundo. Gosto muito desse sentimento.

E quanto ao segundo álbum, Tree of Life?

Este álbum contem várias colaborações e remixes. Cada artista com que eu trabalhei era magnífico. Por exemplo, o System 7 é o meu artista techno favorito. Como sabe, faço parte do Juno Reactor, e esta música é muito psicadélica e trance. Youth também faz música psicadélica e techno. Ele faz parte dos Killing Joke, uma banda lendária de Punk New Wave dos anos 80. Toshinori Kondo é um grande trompetista. Tem mais de sessenta anos mas as suas técnicas, a sua musicalidade é magnífica. Respeito-o imenso. E o Mazda é um dos meus parceiros. Para este álbum, precisava mesmo da sua técnica. O seu trabalho em arranjos e programações juntou-se ao meu trabalho, e foi maravilhoso.


Quando compôs as músicas?

Algumas músicas são muito antigas, outras são muito recentes. Por exemplo, escrevi a Conscientia há quase dois anos. O primeiro passo para este álbum foi há três anos. Mas Arc Moon é recente, assim como Lemuria. Só escrevi a Lemuria há duas semanas (ri).

Quais são as suas fontes de inspiração?

É diferente para cada canção. Por exemplo, Conscientia tem um grande significado. Fui muito inspirado pelas Cruzadas, como as Cruzadas Cristãs na Idade Média. E pelo desastre e guerra Islâmica. Continuam a lutar. O que eu quero mesmo dizer é que temos de acordar, temos de fazer algo juntos. E ENOLA GAY, uma expressão relativa à genbaku, a bomba atómica. A música é muito pesada e triste, mas eventualmente leva a um conceito de "oração" e "desejo". FOLLY é sobre a Birmânia, os problemas de Myanmar, existe demasiada guerra. Cada uma das músicas tem um significado bastante profundo para mim. Mas sem as letras, apenas imagens, apenas inspiração que eu queria criar. Normalmente, eu gosto das minhas palavras e falo bastante, mas não o queria na música.
  
Faz parte do Juno Reactor e dos X Japan, ambas são bandas bastante famosas no Japão. Porém, está também a tocar em concertos no estrangeiro com o Juno Reactor. Sente que nesses concertos tem de trabalhar mais para agradar aos fãs de Juno Reactor? 
Os concertos de JUNO REACTOR são muito confortáveis para mim devido ao sentimento de liberdade. O nosso próprio contributo no palco é bastante importante e inspirador. é muito dificil mas ao mesmo tempo bastante confortável e belo, eu amo-os muito. é claro que eles são bons amigos meus e os africanos são tão doces, eu adoro realmente o seu grupo. Brincar com eles faz-me feliz, especialmente com Mabi, o mais velho com 65 anos, e um dos músicos lendários da áfrica do sul, sendo um dos meus favoritos pessoais. Normalmente o som de JUNO inspira-me bastante. +é bom para mim e para as minhas capacidades também. Aprendo cada vez mais segredos importantes da música. é muito diferente de X JAPAN e LUNA SEA.

Então não sente que tem de trabalhar mais arduamente quando toca com eles, porque não é tão famoso como para os fãs de LUNA SEA e X JAPAN?

Não, é tudo muito natural para mim. Qualquer estilo e qualquer situação é boa para mim. Eu adoro música.

Teve dificuldades em estabelecer-se como artista a solo, em vez de ser "Sugizo dos LUNA SEA"?

Naquela altura, senti a necessidade fazer a minha própria música. Tinha tantas, demasiadas ideias musicais, e pensei que talvez devesse escrever música como artista solo. Penso que foi à catorze anos? LUNA SEA é principalmente uma banda rock. Claro que é muito belo e importante, mas a minha própria música não é so rock. é também um estilo clássico ou de dança, penso que esses estilos estão mais próximos de mim. Ser apenas um guitarrista de rock é outra parte de mim, de que também necessito.
 
Quando iniciou a carreira a solo, as pessoas viam-no unicamente como guitarrista rock? Foi difícil para si mudar as suas mentes, para lhes mostrar "que faz mais do que apenas rock"?
Claro que foi uma mudança radical. Sim, algumas pessoas disseram-me "por favor, não faças isto, é muito perigoso, é muito arriscado. Tu és um artista visual kei e as pessoas precisam disso" mas na altura, simplesmente não quis saber. Precisava de seguir a minha própria inspiração. Penso que foi difícil mas ao mesmo tempo bom para mim. Porque agora tenho o meu próprio estilo, a minha própria música. é algo muito espiritual e privado. Não é nem commercial nem empresarial, nem entretenimento, mas sim essencial à minha vida musical.

Está na indústria musical há mais de metade da sua vida e , como foi mencionado, já esteve em bandas famosas. De que modo pensa que a fama alterou a sua personalidade?

Eu procuro manter um bom balanço, é bastante importante mas também difícil. Algumas pessoas perdem demasiado, outras perdem sucesso, outras perdem qualquer vontade de estudar. O equilíbrio é também importante. é claro que ainda sei que é difícil, mas simplesmente amo a música. Talvez se a minha mentalidade mudasse muito, seria uma altura para terminar. Mas agora preciso mesmo de fazer música e manter o meu lado musical no seu estado puro.

Há alturas em que considera ser difícil lidar com a fama?
Eu nunca penso que sou famoso. Normalmente posso andar pela cidade - ainda recentemente fui à Disney Land. Normalmente ninguém me reconhece.

No entanto, existem muitas pessoas a gritar o seu nome nos concertos...
Eu espero que sim... Talvez no palco eu seja um músico de rock, mas fora dele sou apenas um homem. Normalmente eu não olho para mim como famoso. Antes, pensava assim, mas tive tantes experiências, e muita dor e coisas más a acontecer, mas agora sou muito puro. Mas eu simplesmente amo música, quando estou a trabalhar no estúdio estou contentíssimo. é claro que se fosse muito famoso, seria um grande prazer para mim, mas continuarei a fazer a minha música.
 
Tem estado em muitas tours e viagens, quantas noites dormiu em casa o ano passado?
Talvez... Três meses? Um terço do ano.
 Alguma vez se sentiu frustrado com este estilo de vida louco?

Simplesmente, sinto falta de um dia confortável. Preciso mesmo de um dia silencioso. Gosto desse estilo de vida. Não gosto de festas, nem de beber demasiado, nem de sítios barulhentos. Simplesmente, silencioso, confortável, vista para o oceano e o sol a brilhar.

Quando está a viajar, que música tem no seu MP3?
Tantas... Recentemente tenho ouvido Pink Floyd, estou muito apegado a eles este ano. Voltei para David Sylvian. Qualquer música electrónica, ambiente, ou orquestra clássica. Normalmente não preciso de nenhuma música rock, embora goste bastante de Primal Scream e de Pink Floyd, que também podem ser considerados rock certo? E claro ando a ouvir techno, SYSTEM7 são os meus favoritos.

Mas se não ouve música rock com frequência, não será difícil tocar músicas dos LUNA SEA?

Não penso assim, consigo ter uma boa inspiração com qualquer coisa. Normalmente nem preciso de ouvir música, ela já está na minha cabeça.
 
Quais são os seus planos para o futuro?
No próximo ano tenho planos para fazer a banda sonora para uma peça. Talvez no próximo ano os LUNA SEA se tornem activos novamente. Nós queremos fazer músicas novas, queremos fazer um album novo, mas ainda nada é certo. Em relação aos X JAPAN, a tour irà continuar e no próximo ano penso que os X JAPAN vão ter um grande concerto em Tokyo. E manterei o meu projecto solo, tenho ideias para um novo album. Mas preciso mesmo de um dia de folga no próximo ano.
 
Então, se tivesse a oportunidade de apanhar um avião amanhã, onde iria?
Quero mesmo ir ao Hawaii novamente, ou à Grécia, gosto muito da Grécia. Gosto do oceano. E quero ir mergulhar, adoro isso. E saltar de para-quedas novamente. é fantástico.
 
Finalmente, uma mensagem para os nossos leitores, por favor.
Eu quero muito agradecer a todos o vosso apoio. Nós precisamos de vocês e eu preciso de fazer música mais bonita para vocês. Porque vocês me salvaram a mim, salvaram-nos a nós, e deram me bons sonhos. Eu quero mesmo dar-vos uma boa espiritualidade. Já aprendemos a ser um. Penso que quando toco música para qualquer país, com pessoas de quaisquer países, o meu sentimento é único. Não há religião, não há fronteira, todos os problemas desaparecem, a música não tem fronteira. Isso é muito importante para mim e eu acredito nisso. é bom para a nossa mente e eu quero mesmo manter esta relação magnífica, e fazê-la crescer.

Muito obrigado pela entrevista.
Agradecimentos a Sugizo e a Takeshi Asai por fazerem esta entrevista possível.
   

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